Desabafo da quarentena: ansiedade e depressão

by - maio 09, 2020


Eu lido com ansiedade desde muito nova. A causa disso? Muito provavelmente pela minha autoestima baixa. A única qualidade que eu via em mim era a inteligência e era por ela que eu recebia mais elogios, então queria ter mais e mais conhecimento, me sobrecarregando mentalmente.
Aos nove anos eu tive minha primeira crise de epilepsia, tudo indicava que era por causa de uma presentação no escola. Eu me cobrava demais, tinha que ser perfeita em tudo que eu fazia.
Nessa época, eu desenvolvi síndrome do pânico. Não gostava de sair de casa sozinha, eu achava que poderia ter outra crise a qualquer momento. Sentia palpitação, falta de ar, tremedeira e etc. Comecei a ir no psicólogo nessa época, eu me lembro que ela disse para minha mãe que eu era introspectiva e vivia no meu mundo particular. Também nessa época comecei a fazer tratamento com o neurologista, que me receitou remédios para a convulsão. 
Fiz o tratamento até os quinze anos e durante esse período desenvolvi enxaqueca cronica e começava a dar sinais de depressão, tanto pelas "brincadeiras" da minha família quanto do bullying no colégio. E pela primeira vez tentei tirar minha vida.
Após sair da adolescência e sem mais crise epilética, a depressão e ansiedade me acompanharam de  forma mais silenciosa. Aos 20 anos, quando tive meu filho, fui diagnosticada com depressão pós parto e os ataques de pânico voltaram por me sentir sobrecarregada e incapaz de lidar com tudo que estava acontecendo.
Aos 24 anos, após uma briga em casa eu tentei me matar novamente. Fui internada em uma "casa de repouso" durante 24h para me estabilizarem com acompanhamento psiquiátrico.
Hoje aos 28, com a quarentena e todo o peso que a pandemia nos trás, vejo quantas vezes estive a beira do abismo, quantas vezes eu achei que não havia saída. Sei que muita gente está sentindo e passando por isso agora... Sei que não estou curada e que tudo isso está longe de acabar, o jeito que eu faço para permanecer sã é viver um dia de cada vez. Se agarrar nas pequenas coisas. Conversar com os amigos que estão longe de mim, acariciar meus gatos por horas, abraçar meu filho como se fosse a ultima coisa que eu faz. E continuar...

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